Biologia molecular na odontologia: métodos comumente utilizados na cariologia;
VALARINI N, DOI RK, MACIEL SM, FREDERICO R CP, Odontol. Clín.-Cient., Recife, 10 (1) 19-23, jan./mar., 2011
"A cárie dentária é uma doença de caráter multifatorial e a interação de fatores do hospedeiro com microrganismos e dieta determinam sua manifestação. Estabelecer a base genética para esta doença fornecerá subsídios para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção, diagnóstico, tratamento, avaliação de risco e compreensão de sua patogênese. Diante do intenso desenvolvimento da Biologia Molecular, o presente trabalho tem como objetivo apresentar ao cirurgião-dentista esta promissora ciência e, principalmente, mostrar a aplicação da tecnologia em genética molecular na prevenção da cárie dentária. O início da era da Genética se deu em 1865, quando o monge Gregor Johann Mendel realizou experimentos de cruzamentos de ervilhas. Nascia, então, a Genética Clássica e os conceitos de gene, fenótipo, genótipo e transmissão de caracteres. O Projeto Genoma Humano (PGH) foi oficialmente iniciado em 1990, quando os Estados Unidos da América o lançaram como um programa com a finalidade de sequenciar o genoma humano. Com direção do NHI (National Institutes of Health) e do DOE (Departamento de Energia do Governo Americano), o projeto teve o envolvimento de 18 países, entre eles Inglaterra, Japão, Canadá, França, Brasil e Alemanha. O Brasil teve notável participação no estudo do genoma humano bem como de outras espécies. O principal agente causador da cárie dentária. Desde o início do século XX, pesquisadores já avaliavam a suscetibilidade genética à cárie dentária por meio de estudos com gêmeos monozigóticos e dizigóticos. Tais estudos indicavam que a herança genética tinha participação na cárie dentária, mas as conclusões eram de que esta herança era apenas um fator contribuinte. Quatro estudos detectaram um componente genético na suscetibilidade à cárie dentária e demonstraram que a cárie em gêmeos monozigóticos tinha uma concordância maior do que nos dizigóticos. O maior avanço no entendimento do papel da hereditariedade e a incidência da cárie dentária foi obtido com o estudo realizado intitulado "Minnesota Study of Twins Reared Apart". A maior vantagem do estudo foi a de que a maioria dos participantes tinha idade superior a quarenta anos e não vivia no mesmo ambiente logo após o nascimento até a data da análise. Foi sugerido que vários fatores genéticos podem estar envolvidos no processo da cárie dentária e na maior similaridade de cárie em gêmeos monozigóticos. Tais fatores são: salivares e da microbiota bucal, tempo e sequência de erupção dentária, morfologia dentária, forma do arco dentário, espaço dentário e propensão à dieta. Atualmente, existem muitos métodos para análise do DNA. As técnicas mais relevantes na área odontológica, com a finalidade de apresentar ao cirurgião-dentista as várias possibilidades existentes: Extração e purificação de ácidos nucleicos; Eletroforese; Reação em cadeia da polimerase; PCR em tempo real; Polimorfismos de tamanhos de fragmentos de restrição (RFLP); Amplificação Alelo Oligonucleotídeos- Específica (PCR-ASO); Reação em cadeia da polimerase utilizando primers arbitrários; Microarrays; Checkerboard DNA-DNA hybridization. A cárie dentária continua sendo uma doença muito prevalente na população mundial, mas que pode ser prevenida ou controlada. Os avanços na biologia molecular e nas tecnologias geradas nos últimos anos permitiram que novas abordagens acerca desta e de outras doenças bucais fossem utilizadas. Num futuro, dentistas serão capazes de aplicar técnicas de engenharia genética que estimulem a reparação do próprio corpo."
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